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E esse equilíbrio de estar próximo, sem perder a autoridade, é apenas um dos desafios que teremos que enfrentar para criarmos nossas crianças.
Queremos que nossos filhos se sintam à vontade para nos contar tudo, pois sabemos que, dessa forma, podemos guiá-los com mais segurança. Queremos que eles nos falem sobre a escola, os amigos, suas angústias, seus medos. Mas, por outro lado, não nos resta muito tempo no dia para essa convivência.
Nós, mães, queremos estar cada vez mais envolvidas com o mercado de trabalho, para sermos tão valorizadas ali quanto os homens. Já os pais querem estar mais presentes, querem realmente participar da vida em família, mas também não abriram mão de seus sonhos profissionais, nem diminuíram seu ritmo nas empresas para alcançarem esse objetivo.
Estamos tendo cada vez menos filhos - se na nossa infância uma família com vários irmãos era a regra, hoje é a exceção. E no meio dessa bagunça toda estão nossos pequeninos.
Acho que esse é um assunto delicado, mas sobre o qual precisamos pensar. E não é para colocar a culpa na cabeça da mãe que não quer deixar sua carreira depois do fim da licença-maternidade - afinal, ela batalhou muito por isso, e é justo que tenha sua independência, sua valorização, sua realização como profissional.
Também não é para por o dedo na ferida do pai que deseja estar mais presente, mas não tem a mínima ideia de como fazer isso (nem tem o apoio de leis que ampliam a licença-paternidade e a possibilidade de sua participação nos primeiros anos do filho, que tanto exigem de seus cuidadores).
Aqui, no Brasil, não estamos ainda preparados para essa realidade e, infelizmente, não restam muitas alternativas para essas famílias do que "terceirizar" os filhos. Nossas escolas não são preparadas para atuar em horário estendido, como acontece em países da Europa e nos Estados Unidos.
Às vezes me pego pensando que estamos criando uma geração solitária. Com pouca chance de convivência com pessoas que façam parte de seu círculo permamente (avós, tios, primos moram cada vez mais longe).
Mudamos geograficamente com maior frequência para nos adaptarmos aos nossos empregos - assim, acabamos não formando aquela "turminha do bairro" de longa data, como nossos pais diziam ter quando eram pequenos.
Eu não tenho uma resposta pronta para esse conflito, nem uma sugestão que sirva para todas as famílias.
Por aqui, só estou colocando atenção no ponto, tentando proporcionar à minha filha momentos cada vez mais frequentes que reforcem esses vínculos. Estou abrindo mão de certas realizações para estar mais presente. Dá trabalho, mas eu acredito que esse é o caminho.
(Foto: 123RF)